Seguidores

19 junho, 2005

DECLARAÇÃO INDÍGENA DO RIO DE JANEIRO

GRUMIN/Rede de Comunicação Indígena

Conferência Regional da América Latina e Caribe sobre Sociedade da Informação

DECLARAÇÃO INDÍGENA DO RIO DE JANEIRO






Rio de Janeiro, Brasil, 08 a 10 de Junho de 2005

Nós representantes indígenas, interpretando o sentimento e as aspirações de nossos Povos e Comunidades, participantes da Conferência Regional da América Latina e Caribe sobre Sociedade da Informação, realizada de 08 a 10 de Junho, na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, manifestamos o seguinte: Há séculos vimos mantendo nossos conhecimentos tradicionais como forma de compreender o mundo novo que nos cerca, preparando-nos para o inevitável contato com a modernidade como desafio de equilibrar nossas raízes ancestrais e a cosmovisão de mundo que retrata a diversidade dos povos, culturas, tradições e línguas.
A tradição e a modernidade é um caminho a ser percorrido para nossa sobrevivência física e cultural e que nos assegure direitos de acesso aos novos conhecimentos e informação. Baseado nas nossas tradições, temos um compromisso com a modernidade e os novos conhecimentos, com propostas construtivas que fortaleçam a criação de um mundo mais humano e harmônico com a natureza. Recomendamos portanto, que a revolução tecnológica jamais seja utilizada como mecanismo comercial de promoção ao lucro ou que nos transforme em meros consumidores, mas que promovam a diversidade de expressão cultural, nossos conhecimentos e tradições dentro da sociedade da informação. Nós Povos Indígenas, afirmamos o respeito às nossas formas e instrumentos próprios de comunicação tradicional como marco de uma verdadeira comunicação humana, capaz de fortalecer a vida, o respeito mútuo e o respeito entre os seres humanos nas diversidades e a Mãe Natureza.
Declaramos: Que a Declaração do Rio elaborada pelos Governos e agências da ONU, assegurem e apóiem em todos os níveis de consulta a participação indígena, a nível local, regional e internacional como a Conferência Preparatória de Setembro de 2005 em Genebra e a Cúpula Mundial em Tunis em Novembro deste ano; Que ao apresentarmos o documento em anexo sugerindo alterações na proposta do Plano de Ação, sejam acatadas como forma de respeito aos direitos indígenas; Que seja levado em conta os acordos gerais entre os povos indígenas do Brasil e a Nação Navajo dos EUA, com base no Art. 19.2 do Plano de Ação referente a promoção de diálogos regionais para intercâmbio de experiências, difusão e adaptação das melhores práticas voltados para a sustentabilidade, soberania, respeito aos valores lingüísticos, conhecimentos tradicionais, meio ambiente, culturais e espirituais; e, de acordo com as metas do milênio, essa iniciativa indígena buscará a implementação de projetos de tecnologia de informação e comunicação para a educação, saúde, transferência de tecnologia, governo eletrônico, segurança, micro-crédito e acesso a financiamento e cooperação internacional para o desenvolvimento auto-sustentável que melhore o nível de vida e garanta novas oportunidades de equidade sócio-econômico. Rio de Janeiro, 10 de Junho de 2005.

Editor Grumin/Rede de Comunicação INDÍGENA ELIANE POTIGUARA "A violação aos Direitos Indígenas divide famílias. O respeito as suas tradições, identidade, cosmovisão, espiritualidade e ancestralidade perpetuam o AMOR entre povos e entre homem e mulher".
Texto: Eliane Potiguara

http://groups.yahoo.com/group/literaturaindigena